O pequeno anjo Aylan

Pode parecer uma contradição com o último post escrito por mim, sobre a “não-identificação” com este mundo que está um caos. De fato procuro não mais me aprofundar com notícias ruins e trágicas, ficar falando de problemas e crises e tragédias o tempo todo, como a maioria das pessoas, mas daí a fazer de conta que nada está acontecendo, que o mundo é cor-de-rosa o tempo todo, também não! Não ia falar sobre esse assunto, porque realmente me comoveu e apenas pensei em fazer uma prece pelo pequeno menino sírio, mas uma imagem, dessas que estão homenageando ele, me emocionou profundamente e me fez refletir este final de semana, e acabou virando este post (a imagem você encontra no final do post).

O pequeno menino sírio chocou o mundo nos últimos dias. E muitas outras crianças já chocaram e/ou emocionaram o mundo outras vezes, com seu sofrimento ou seu apelo, e acabaram virando símbolos de guerras e conflitos.

Infelizmente ele não foi o primeiro. E, Por Deus, como eu desejo que seja o último, mas…

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Fotos (da esquerda para direita, começando de cima): A menina vietnamita, 1972, Nic Ut; A menina afegã, 1984, Steve McCurry; O menino sudanês, 1994, Kevin Cartner; O menino sírio, 02/09/2015, Nilüfer Demir. Reprodução.

Por que essas coisas ainda acontecem? Não tenho a verdade, com cem por cento de certeza, mas arrisco algumas teorias: essas coisas acontecem porque o mundo insiste em fechar os olhos para os problemas que merecem soluções urgentes, aqui e agora; essas coisas acontecem porque o Ego é o mais dominante na vida da maioria das pessoas e principalmente daqueles que chegam ao “poder”; essas coisas acontecem porque só quando acontecem é que um número maior de pessoas abre os olhos para a maior doença do mundo, que é a ignorância.

Você deve estar se perguntando: Mas o que EU poderia ter feito, daqui da minha humilde vida, para evitar uma coisa dessas? O que é preciso fazer para melhorar esse mundo doentio? Bom, é verdade, nós, meros trabalhadores, não podemos fazer muita coisa, mas o pouco que fazemos, somado aos muitos “poucos” dos demais pode enfim começar a gerar uma cura. E o que é esse pouco que eu posso fazer?

Pode parecer repetitivo, mas não tem outro jeito, precisamos entender que das pequenas ações cotidianas até as mais complexas, todas as ações são fundamentais. REFLETIR, DEBATER, AGIR, CORRIGIR, EXIGIR, INSPECIONAR. A gente costumar escutar essas palavras como mantras dentro da maioria das empresas, em nossos trabalhos, na escola, na faculdade, mas raramente as praticamos em nossas vidas, na sociedade, na política. Bom, pode ser que aplicamos algumas, em alguns momentos, mas quando foi que refletimos e corrigimos um hábito feio ou ruim em nossas vidas? Quando foi que, além de debater sobre política, nós realmente exigimos algo de algum político e o inspecionamos de perto, analisando sua vida pública antes, durante e depois de mandatos? Quando foi que pesquisamos sobre ONGs que ajudam de fato pessoas necessitadas, incapazes, indefesas, refugiadas e refletimos sobre suas ações, ajudamos com contribuições, ideias ou trabalho voluntário? Quando foi que refletimos sobre a procedências dos produtos que compramos e/ou refletimos sobre o impacto que esses produtos geram na vida de outras pessoas? E quando sabemos que tal produto é de procedência duvidosa, quando foi que agimos de forma correta, ao não-adquirir tal produtos ou até denunciar para as autoridades responsáveis? Quando foi que refletimos e debatemos em casa, com as crianças, sobre como o mundo e as pessoas e os animais devem ser tratados? E que eles precisam ser criativos e questionadores e buscar soluções para esse mundo ficar melhor? Quando foi que debatemos isso nas escolas, para que façam o mesmo?

Não temos tempo, não é? A vida passa rápido demais e mal temos tempo para fazer nossas coisas! Pois é, o problema é que estamos preocupados demais com NOSSAS coisas, e aí realmente não temos tempo para prestar atenção nas outras coisas. Mas quando um menino aparece, em rede mundial de telecomunições, morto na beira de uma praia e vira símbolo de um problema grave, todos nos chocamos, choramos, engasgamos, ou simplesmente desligamos a TV, trocamos de canal, desligamos o computador para não ver “aquilo” e fazer de conta que o problema não é nosso.

Precisamos abrir nossos olhos! Não os da face, os olhos da alma. Precisamos buscar dentro de nós o Eu Verdadeiro, desprovido de EGO e buscar sermos cotidianamente bons, verdadeiros, espirituais. Assim, as próximas gerações não precisarão se deparar com cenas tão degradantes, chocantes, frutos de uma “humanidade” decadente e presa em grandes feitos, grandes tecnologias, grandes riquezas, grandes construções, porém de corpos, mentes e espíritos tão ínfimos.

Toda vez que uma criança vira símbolo de uma tragédia o mundo chora e o problema em questão vira reflexão, debate e até algumas ações são feitas, mas por um tempo determinado. Depois tudo volta ao “normal”. Nossas vidas voltam ao normal. E não pensamos mais no que aconteceu. Até esquecemos. Até que outra criança nos tira da ilusão e nos joga a realidade na cara. São as crianças que sempre jogam na nossa cara que o mundo está doente e precisa de cura. Vamos escutar o chamado da Terra, que grita para que o mundo seja curado. Vamos refletir a fundo sobre como podemos ser melhores do que somos, CADA UM DE NÓS.

O pequeno Aylan já não está mais aqui, já não sofre mais, já não vê sua família sofrer… ele certamente virou um anjo e se juntou a uma legião de outros anjos que tentam nos ajudar, mas infelizmente eles não podem interferir em nosso livre-arbítrio então, por favor, vamos fazer de nosso livre-arbítrio uma dádiva, e não uma maldição!

Querido Aylan, perdoe-nos por teu sofrimento,

esteja agora na Luz que te acolhe,

junte-se às almas que irradiam luz a este mundo e

nos auxilie em nossa busca pela evolução

como humanos e como espíritos.

Amém!

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Não sei de quem é a imagem… peço desculpas ao criador dessa bela imagem, por não citar seu nome. Se alguém souber a informação, por favor me repasse.

5 comentários sobre “O pequeno anjo Aylan

  1. Linda homenagem, espero que com ela, o mundo se toque, que faça alguma coisa…
    Não podemos fazer mais nada pelo Aylan, que Deus agora o tenha, mas ainda podemos fazer uns pelo outros e pelos próximos Aylans que ainda estão por vir!
    Tenho um filho da mesma idade dele, me coloquei no lugar de seu pai, e acho que todos também se colocaram. Descanse em paz, querido Aylan!
    Beijos!

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